REFLEXÕES SOBRE A OCUPAÇÃO HUMANA PRÉ-HISTÓRICA EM UM SAMBAQUI SOB ROCHA NA BAÍA DA BABITONGA: A COMPLEXIDADE DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO CASA DE PEDRA

Autores/as

  • Dione da Rocha Bandeira Universidade da Região de Joinville – UNIVLLE. Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville – MASJ.
  • Jessica Ferreira Universidade da Região de Joinville – UNIVLLE. Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville – MASJ.
  • Lucas Matos Silveira Universidade da Região de Joinville – UNIVLLE. Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville – MASJ.
  • Júlio César de Sá Universidade da Região de Joinville – UNIVLLE.
  • Graciele Tules de Almeida Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville – MASJ. Universidade Federal de Pelotas – UFPel.

Resumen

A Baía Babitonga, localizada no litoral sul brasileiro, é considerada a última grande formação estuarina do continente americano, possuindo relevante interesse na conservação ambiental e, também, patrimonial: com mais de 180 sítios arqueológicos cadastrados, a baía é ocupada há cerca de 8.000 anos e marcada por uma grande diversidade cultural. Dentre as suas ocupações, destaca-se os povos sambaquianos que chegaram a região entre 7.000 e 1.000 anos AP. Estes grupos pretéritos conhecidos por pescadores-coletores-caçadores possuíam o hábito de construir e ocupar montes com conchas e sedimentos (sambaquis) onde desenvolveram suas atividades de subsistência no qual se destacam a habilidade com artefatos em rochas, conchas, ossos e vegetais. Os sambaquis a céu aberto não se restringem à ocupação na Baía Babitonga: estes sítios estão distribuídos ao longo do litoral brasileiro possuindo de mais de 2.000 sambaquis registrados, caracterizando a presença marcante destes povos nas regiões costeiras. Entretanto, novas descobertas aprese ntaram que estes povos não construíam apenas sambaquis a céu aberto como também ocupavam abrigos rochosos. Até o momento, há 3 sambaquis sob rocha registrado no Brasil e, dentre eles, destaca-se o sambaqui sob rocha Casa de Pedra, localizado no litoral leste de cidade-ilha de São Francisco do Sul/Santa Catarina. Com 40 cm de comprimento, o pequeno sambaqui foi escavado sob a coordenação da arqueóloga, Dra. Dione da Rocha Bandeira, durante os anos de 2015 e 2017, sendo rebaixado 15 cm da sua superfície com dois perfis realizados até a profundidade. Na superfície imediata do sambaqui foram encontrados fragmentos dispersos de ossos queimados de mão humana, no qual a datação registrou 5.470 ± 30 anos A.P. Esta data colocou o sítio entre os mais antigos da região. Além dos vestígios queimados de ossada humana, houve abundantes remanescentes malacológicos e ictiológicos ao longo das camadas escavadas. Entretanto, mesmo ainda não sendo encontrado artefatos, a presença de pinturas rupestres nas paredes internas da gruta e a datação dos sedimentos abaixo do sítio, por volta de 4.330 ± 700 e 5.670 ± 850 anos AP, que registrou ser mais recente que a matriz arqueológica, levantaram questões sobre a procedência do sambaqui sob rocha Casa de Pedra e as possíveis ligações entre os sambaquianos com as pinturas. Análises realizadas até o momento não comprovaram se as pinturas fazem parte da cultura sambaquiana registrada na Baía da Babitonga, entretanto, com base nas datações, composição do sambaqui e análise fauna da matriz arqueológica, assegurou-se que este sítio arqueológico é, de fato, um sambaqui.

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Publicado

2022-08-30

Cómo citar

da Rocha Bandeira, D., Ferreira, J., Silveira, L. M., de Sá, J. C., & de Almeida, G. T. (2022). REFLEXÕES SOBRE A OCUPAÇÃO HUMANA PRÉ-HISTÓRICA EM UM SAMBAQUI SOB ROCHA NA BAÍA DA BABITONGA: A COMPLEXIDADE DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO CASA DE PEDRA. Cuadernos Del Instituto Nacional De Antropología Y Pensamiento Latinoamericano - Series Especiales, 8(2), 15–29. Recuperado a partir de https://revistas.inapl.gob.ar/index.php/series_especiales/article/view/1275

Número

Sección

Artículos